João 10:25-30 Segurança e Certeza da Salvação
João 10 :25-30
Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo tenho dito, e não o credes. As obras que eu faço, em nome de meu Pai, essas testificam de mim. Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um.
Jesus já havia falados sobre as ovelhas. Elas eram consideradas animais muito obedientes e ouviam a voz do pastor atendendo ao serem chamadas pelo seu nome. Embora houve-se uma multidão de ovelhas, quando dois pastores se encontravam seus animais não se confundiam com os outros pois elas conheciam bem a voz do seu pastor, e eram reconhecidas por ele – os pastores conheciam cada uma das suas ovelhas e as chamavam pelo nome. Algumas ovelhas chegavam a atender a melodias de flauta específicas. Essa característica de chamar conhecer pelo nome denota uma intimidade e ao mesmo tempo onisciência (Ex 33:12,17; Is 43:1; Sl 147:4; Is 40:26) uma característica presente em Cristo e demonstrada em passagens onde ele chamou os que ele quis (Mc 3:13 – uma vez que Ele é o responsável pelo chamado e não o homem em contraste com Lucas 9:57-62), e mostra conhecer cada um (Jo 6:70; 13:18).
Quando Jesus fala nesses termos de pastor/ovelha ele recorda a relação pactual de Israel e Deus nos termos de relacionamento existente (Ez 34:23; 37:24, etc) junto ao discurso já feito de 1-21. Há uma alusão a Sl 95:7 em que o povo é tratado como ovelhas de sua mão com uma exortação a ouvir a voz de Deus. Nesse termo, há a garantia de que as ovelhas não se perderão, algo que era comum acontecer com os auxiliares contratados que deixavam as ovelhas muitas vezes à própria sorte (Ex 22:13; i.e Ez 34:8, etc) gerando inclusive problemas judiciais conforme registros antigos.
Ele finaliza com uma declaração de unidade que vai além da unidade de vontade entre Jesus e o Pai e a pressuposição de uma unidade ontológica – um (ἕν). A expressão ἕν ἐσμεν “somos um” – literalmente “uma coisa” ou “um ser” denota unidade em vontade e essência o que é demonstrado pelo fato do uso do neutro. A Trindade objetivamente não está em vista aqui, uma vez que seria anacrônico. O que se põe aqui é a unidade de vontade que é uma só nEle e no Pai, que pode indicar serem uma única entidade que mantém as ovelhas intactas. Entretanto, o fato da indignação dos judeus deixa claro que entenderam que foi feita uma declaração de divindade ao se igualar ao Pai (v31).
A aplicação que se faz desse texto na vida cristã é a segurança da salvação, uma vez que não repousa sobre nós a capacidade de nos salvarmos e dependemos unicamente dele por sermos suas ovelhas (...nunca hão de perecer). São presentes do Pai ao Filho que tem interesse na preservação destes. Obviamente que isso lança por terra qualquer suposição de que alguma circunstância possa mudar isso (Rm 8:28,39).
Por Paulo Sérgio.