Silogismo da Queda

                     Por Francisco Tourinho


Decreto – ato de ordenar algo ou determinar

Permitir – ato de condescender a respeito de algo ou dar liberdade

  • 1- Deus é onisciente
  • 2- Deus decretou (ordenou) a Permissão (condescendeu) da queda do homem.
  • 3- O homem caiu (podendo ou não)
  • 4- Logo Deus decretou a permissão que daria poder ao homem cair.

Algo ordenado a acontecer de forma determinada, deve acontecer.Algo permitido significa no mínimo que pode ou não acontecer.

Se Deus permitiu a queda significa que o homem podia ou não pecar. Tem ai duas possibilidades que segundo a lógica, um ou outra pode ser verdadeira, basta que uma aconteça. Mas essa “construção lógica” proposta por esse silogismo, faria de Deus um ser não-onisciente, uma vez que para as duas possibilidades serem realmente válidas, é preciso que sejam reais, e não virtuais, e uma vez que Deus soubesse o que iria acontecer, aquilo então que Ele sabia, obrigatoriamente deveria acontecer, e se for esse o caso o homem não tinha uma escolha Real. Mas sua escolhe era o que já fora visto por Deus.

Ainda que pensemos que a onisciência não é determinista (o que é um erro lógico), o homem teria duas escolhas válidas, duas possibilidades que o próprio Deus teria proporcionado para o homem no ato em si de criá-lo, e deveria deixa o homem a deriva em independência total de seu Ser, ou Deus deveria trabalhar com probabilidades e consequências tendo que supor os acontecimentos de sua própria criação ou esperar seu desenvolvimento para lhe proporcionar os devidos meios para salvar-se; mas isso certamente feriria a ideia de um Deus perfeito, cuja a necessidade de seu conhecimento se basearia em cálculos de probabilidades ou observação empírica.

Também nesse caso o homem obrigatoriamente deveria ser dotado de Livre-arbítrio, o que tornaria a onisciência inválida ou cega no mínimo se fosse possível, uma vez que o L. A. demanda uma escolha sem influências e contra a própria natureza (se usarmos também o conceito de Agostinho ampliado por alguns reformadores) e demandaria também ser Livre do Próprio Deus uma vez que Deus também detém L. A. e por um pensamento lógico, dois L. A. não podem coexistirem, uma vez que a vontade de um ira interferir na vontade do outro, privando-a de alguma deliberação, ou forçando-o a alguma ação, ou anulando-o, ou os dois se anulando.

Sendo Deus Criador, pressupõe-se que sua Vontade em essência já é maior que a humana, se Deus não se abster de agir, seu L. A. impossibilitará o L. A. humano.


L.A = Livre Arbítrio.

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