1 Pe 1:2 Eleição por previsão da Fé?Uma análise de At 2:23, 1 Pe 1:19-20,Rm 11:2-5
Arminianos crêem que Deus previu a fé e escolheu por consequência esses para salvação. A ideologia exposta é sem sombra de dúvidas problemática, pois necessita de superposição temática dentro da terminologia dos termos bíblicos. O primeiro argumento dos defensores dessa idéia é que o homem tem livre arbítrio. O segundo é que Deus sabe quem vai crer e por isso escolhe. Assim, o homem livre escolhe ser salvo e Deus por seu conhecimento antecipado o predestina para salvação.
Se levado a sério a idéia concluir-se-á que as ações dos homens determinam as ações de Deus. Logo, Deus não tem liberdade para agir, antes é dependente do homem. Ou seja, Deus quer salvar mais não pode, precisa que o homem deixe ser salvo.
Dois problemas são claros: (1) Não compreendem corretamente a Deus; (2) Não compreendem quem o homem é. Sem esses dois reconhecimentos é impossível compreender a salvação. Deve-se lembrar que a Eleição nunca ofende a dignidade de Deus ao mesmo tempo que não retira do homem a responsabilidade. Observe o que Walter T. Conner diz:
Lembremos, no entanto, que o propósito de Deus em relação à eleição não vai ao ponto de o homem ser salvo independente de se arrepender e crer. Antes, é parte do propósito de Deus trazer o homem ao arrependimento e à fé. E Deus não obriga o eleito a crer. Ele o guia e persuade, através dos apelos do evangelho e trabalho do seu Espírito Santo, mas é o indivíduo que decide vir a Cristo (…) Lembremo-nos que o propósito de Deus na eleição era o de efetuar a mesma coisa que ele realiza ao salvar esse homem. Portanto, se a salvação de um homem não interfere na sua liberdade, o propósito na mente de Deus, em virtude do qual ele foi salvo, não interferiria tampouco na sua liberdade[11].
Ideologia fundamentada no Mal uso de terminologias bíblicas:
A premissa de Geisler, sobre a determinação de Deus com relação a liberdade humana, não tem fundamento bíblico, apenas lógico e filosófico. A idéia de Claudionor e Thiessen são fundamentadas no mal uso dos termos pré-conhecer e pré-conhecimento. Pois observe onde mais eles são usados:
…Deus não rejeitou o seu povo, a quem de antemão conheceu (Rm.11.2)
…conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós (1Pe.1.20)
…sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos (At.2.23)
Nos outros textos em que os termos aparecem é impossível dizer que se referem apenas a um conhecimento antecipado de Deus. Em Rm.11.2 é impossível que o texto diga que Deus apenas sabia que Israel o iria aceitar. Isso não é visto em nenhum texto do Velho Testamento. O que se sabe sobre a origem da Nação de Israel é que Deus escolheu um casal e por meio deles estabeleceu uma nação. Não se pode dizer que Deus sabia que Abraão teria um filho e que desse filho viria uma nação. O que é certo é o que Paulo afirma: “O que Israel busca, isso não conseguiu, mas a eleição o alcançou” (Rm.11.7).
Em 1Pe.1.20 e At.2.23 fica mais difícil fazer a afirmação do pré-conhecimento passivo de Deus, pois é impossível que se diga que Deus sabia que Jesus ia morrer. Ao contrário, Deus estabeleceu assim. Ou seja, talvez o termo usado para defender um conhecimento passivo de Deus na salvação não defende.
Atos 2:23
Este homem lhes foi entregue por propósito determinado e pré-conhecimento de Deus; e vocês, com a ajuda de homens perversos, o mataram, pregando-o na cruz. NVI
Este é mais um texto que utiliza a forma substantiva de “prognwskw”, a saber “prognwsij”. Mas, como é de se esperar, não é um texto utilizado para comprovar a antipática e antibíblica ideologia do pré-conhecimento como base ou fundamento para a eleição.
Mas, antes de qualquer colocação é válido fazer o texto conhecido: “Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis, sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos;”.
Este texto encontra-se na primeira defesa pública da Vida De Jesus Cristo, feita por um dos seus discípulos, pouco após ter recebido, junto com outros discípulos, a promessa do derramento do Espírito Santo. Este é o momento de ápice na defesa-testemunho de Pedro, pois chega onde todo evangelismo deveria chegar, na mensagem da morte da Jesus Cristo e consequentemente na sua ressureição.
Note a forma como Pedro estampa o fato de que Jesus foi entregue por Deus para ser morto pelo judeus, que o mataram. Ou seja, dois fatos estão acontecendo em consonância nesta ação, o decreto de Deus e a responsabilidade dos homens. Mas o mais interessante é que dois termos estão muito próximos aqui, a saber “determinado desígnio” e “presciência”.
A palavra grega referente a palavra portuguesa para “determinado” é “orizw”, já conhecida pelo estudo de “proorizw” estampado em boa parte do trabaho anterior. Esse verbete, como já preanunciado, está intimamente ligado com a ação de determinar, designar, decidir. A palavra que acompanha essa “determinação”, demonstrada por “ovrizw” é “boulh,”. Segundo o Thayer’s Greek Lexicon, este substantivo encontrado em At.2.23 fala “especialmente do propósito de Deus com respeito à salvação de homens por Cristo”. Assim, “boulh,” não apenas caracteriza uma vontade determinada, mas a um propósito determinado por Deus. Logo, conclui-se que a morte de Cristo é um decreto eterno de Deus em relação ao seu plano redentor para o homem.
Somado a esse reconhecimento, muito necessário, é válido afirmar que esse propósito determinado acompanha o pré-conhecimento de Deus. Note o texto grego: “touton th/ wrisme,nh| boulh/| kai. prognwsei tou/ qeou/ ekdoton”. Em uma pequena observação, perceber-se-á que a conjunção que une o determinado desígnio de Deus e sua presciência é a partícula “kai,”.
A utilização dessa conjunção nesse tipo de contexto já foi comentado em Rm.8.29, porém é válido lembrar que aqui a conjunção deve ser identificada como uma conexão entre os termos. Logo, determinado desígnio está ligado sintaticamente à presciência. Ou seja, a determinação estampada pelo verbo “ovrizw” atinge tanto a “desígnio” quanto “presciência”, visto que ambos substantivos concordam em caso com o verbo substantivado, identificado como um particípio de uso adjetivo. Segue-se que, tanto o desígnio quanto a presciência de Deus são determinadas por seu propósito.
À luz dessa conclusão, não se pode afirmar que Deus apenas previu o sacrifício de Cristo, como apenas um ato voluntário da parte de Jesus. Mas foi um predeterminação da parte de Deus. Isso está em acordo com Jamiesson, Fausset and Brow, que afirmam que “a morte de Cristo tinha sido predeterminada de antes da fundação do mundo (veja 1Pe.1.19, 20; Ap.13:8)[14]”. Mas isso não implica em afirmar isenção de responsabilidade humana, pois Pedro demonstra a culpabilidade dos homens pela morte de Cristo no texto. Sobre isso Archibald Thomas Robertson diz: “Deus teve legado a morte de Jesus (Jo.3:16) e a morte de Judas (At.1:16), mas aquele fato não perdoou o Judas da responsabilidade e culpa dele (Lc.22:22). Ele agiu como um livre agente moral[15]”.
O que se quer afirmar nada mais é do que, muito bem fez Jonh Walvoord e Roy Zuck, ao dizer que “o ponto deste verso está claro: a Crucificação não era nenhum acidente. Estava no propósito de jogo de Deus (“plano”) e era o determinado desígnio de Deus, não somente a inclinação dele. Era uma necessidade divina (cf. 4:28)[16]”.
Que se conclui, então? Presciência, ou pré-conhecimento, não é um aspecto independente de Deus, nem mesmo um anexo a sua Onisciência. Pré-conhecimento em referência a Deus não pode ser considerado apenas como uma previsão profética, mas uma determinação onisciênte da parte de Deus, que por vezes diz respeito a Cristo e em outras a salvação dos homens. Visto que, tanto a ação de pre-conhecer como o pré-conhecimento em si referem-se à salvação dos homens, considera-se ambos tenham um aspecto ativo e eletivo da parte de Deus.
1 Pe 1:1-2.( o versículo 3 ja desmonta essa idéia de eleição condicional, pois a regeneração vem do alto. Anothhen gennao( nascer do alto,de cima) e antecede a fé que é dom de Deus dada aos seus eleitos Efésios 1:3-5 e Efésios 2:1-5( depravação total, regeneração) Efésios 2:6-10(Fé e obras preparadas de antemão pra que andassemos nela).
Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.
Este parece ser o mais polêmico dos textos, no que se refere a esse conhecimento antecipado de Deus. Todo o problema parece surgir no mesmo ponto, pois segundo todos os comentaristas que não concordam com a predestinação bíblica tentar dar outro significado ao termo bíblico.
1 Pe 1:2. PROGNOSIS
Este é a forma substantiva do verbo anteriormente mencionado, um termo bíblico utilizado para pré-conhecimento, sendo encontrado em 1Pe.1.2, e imediatamente ligado com Rm.8.29, como já observado. Como prognwskw, prognosij( πρόγνωσις ) é formado pela junção de pro com gnosis. Como é muito bem conhecido, a primeira partícula deste vocábulo refere-se a temporalidade, e a segunda a conhecimento. Assim, encontra-se mais uma palvra bíblica que refere-se ao conhecimento prévio de Deus.
Nas escrituras o termo aparece apenas duas vezes, à exceção das duas citações encontradas na septuaginta (Jd.9.6 h’ krisij sou evn prognwsei:( οιμοι καὶ ἡ κρίσις σου ἐν προγνώσε ) juízos previstos de antemão; 11.19 – tauta evlalh,qh moi kata. prognwsin mou: estas coisa me foram ditas previamente), em At.2.23 e 1Pe.1.2. Esse vocábulo parece não acontecer no Grego clássico, o que sugere que seu significado pode ser muito bem identificado nas citações bíblicas.
Por ser um verbo composto é válido observar as ocorrências do verbo sem o prefixo “pro,”(πρό) Das 29 ocorrências de “gnwsij”,(γνωσις) nenhuma foge da idéia de conhecimento, sabedoria, saber, ciência. Assim, pode-se afirmar que “gnw,sis” é um sinônimo de “gnwskw”, como também afirma o Thayer’s Greek Lexicon.
Logo, pode-se perceber que esta é apenas outra forma para expressar a idéia de conhecimento antecipado, ou pré-conhecimento, como se tem insistido neste trabalho. Vale assim observar as ocorrências Neo-testamentárias desse vocábulos nenhuma é mais interessante que a encontrada no Bauer’s Lexicon, pois este define o verbete como a sabedoria e intenção onisciênte de Deus. Essa definição vai além de todas as outras definições encontradas, visto que traz em si o reconhecimento correto de que pré-conhecer não isenta o fato do Pleno, Perfeito, Infinito e Eterno Conhecimento de Deus, Sua Onisicência. Ou seja, “Deus conhece os infinitos resultados das infinitas possibilidades”. Assim nada pode escapar de seu conhecimento.
Note que Pedro escreve àqueles que são “eleitos” (1.1). Porém pouco a frente acrescenta “eleitos, segundo a presciência de Deus”. Em um raciocínio simples há de se notar que os cristãos, a quem escreve Pedro, foram escolhidos. Ou sejam, trata-se de um povo que foi escolhido por alguém, visto ser impossível ser que a ação, que Pedro demonstra, faça menção a uma atividade autocausada, onde o homem é o motivo, executor e alvo da ação. Sem contar que a segunda afirmação, que diz respeito à eleição, é clara em afirmar que é segundo a presciência de Deus. Como a presciência não é um departamento, ou aspecto independente em Deus, pode-se afirmar sem medo que os cristãos foram eleitos por Deus, sendo que essa atividade está em conformidade com seu conhecimento prévio.
Se a presciência divina do arrependimento e da fé do homem fosse a base par a eleição, Deus teria oferecido uma oportunidade às cidades pagãs de Tiro, Sidom e Sodoma, as quais, conforme Jesus disse (Mt.11.20-24), ter-se-iam arrependido se tivessem presenciado seus milagres. Deus previu que elas se arrependeriam e, apesar disso, não lhes deu uma oportunidade de ver as obras de Cristo e de se arrependerem (…) Portanto, a eleição não depende de Deus conhecer previamente o arrependimento e a fé, mas depende de sua vontade e soberania. "Se tivessem sido feitos".... "teriam se arrependido.... se tivesse visto os milagres"... subsistiria.. e porque não foram feitos? Porque Deus não quis!
E neste lê-se: “kata.( κατά ) prognwsin( πρόγνωσις ) qeou/ patroj”. Note que a expressão que acompanha o pré-conhecimento de Deus é “kata,”( κατά ). kata, é uma preposição que denota movimento, difusão ou direção de cima para o baixo, basicamente. Embora, possa ser subdividida em dois grandes grupos de possibilidades de tradução. A primeira, acompanhando palavras no caso genitivo, e a segunda, no acusativo. Com genitivo,a preposição significa basicamente “contra”, “para baixo”. Com acusativo, no que diz respeito a tempo pode significar “durante”, mas no que tange a referência ou relação, significa “em conformidade”, “de acordo com”, “segundo”. Como fica bem estampado no texto, “prognwsin ” ( πρόγνωσις )deve ser identificado como um substantivo comum, no acusativo, feminino, singular de “pro,gnwsij”. Assim restringe-se as possibilidades de tradução.
Dessa forma, claramente nota-se que a preposição “kata.” utilizada por Pedro inibe a possibilidade de que esse preconhecimento seja o motivo pelo qual Deus escolhe, pois o fato claro é que Deus sabia de antemão em quem iria atuar, por isso os escolheu.
Outro detalhe que acaba por derrubar o argumento infundado que afirmar a eleição em função do pré-conhecimento, é outra preposição muito bem ajustada com o texto e muito bem colocada, a preposição “eij”( εἰς). Uma particularidade dessa preposição é que ela é utilizada apenas com o caso acusativo.
A resposta está estampada no texto grego de 1Pe.1:2: “kata. prognwsin qeou patroj evn a’giasmw pneu,matoj eivj u’pakohn kai. r’antismon ai[matoj VIhsou/ Cristou/”. ( κατὰ πρόγνωσιν θεοῦ πατρός ἐν ἁγιασμῷ πνεύματος εἰς ὑπακοὴν καὶ ῥαντισμὸν αἵματος Ἰησοῦ Χριστοῦ χάρις ὑμῖν καὶ εἰρήνη πληθυνθεί .
O que Pedro parece estar estampando no versículo nada mais é do que o propósito da Eleição. A utilização de “eij”( εἰς ) não deixa dúvidas.
Nas páginas do Novo Testamento pode-se observar que a obediência é resultado da salvação, como fica bem exposto por Paulo em Rm.1.5 “por intermédio de quem [Jesus Cristo] viemos a receber graça e apostolado por amor do seu nome, para a obediência por fé”. (cf. Rm.16.26).
Segue-se que o pré-conhecimento de Deus não é o fundamento da sua eleição, mas pode-se assumir com segurança que a eleição está em conformidade com seu pré-conhecimento. Além de que, este pré-conhecimento não é passivo, mas trata-se de uma sabedoria e intenção onisciente, que está além das estipulações da vontade humana.
Romanos 11.2
Este texto é muito pouco utilizado para defender o pré-conhecimento passivo e soteriológico, embora utilize a mesma palavra que Rm.8.29(falei no outro link) Possivelmente isto aconteça em função de que o texto não corrobora para o fim desejado por aqueles que visam distorcer os texto e verdades bíblicas.
Antes de qualquer qualquer menção seja feita sobre este texto é necessário fazê-lo exposto: “Deus não rejeitou o seu povo, a quem de antemão conheceu…”. O discurso de Paulo, que está ao redor deste versículo, refere-se à possivel rejeição de Deus do povo de Israel. Mas, sua conclusão, no texto, é bem clara, pois Deus não repudiou seu povo. Em confirmação a esta premissa, ele ilustra a partir da história de Elias, que não estava sozinho e diz: “Assim, pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça. E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça”. Segue-se que Deus não repudiou seu povo, que conheceu de antemão.
A esse conhecimento de Deus é impossível que se diga que Ele simplesmente sabia que este povo o iria cultuar e aceitar seu plano pactual e remissor. Aqui fica evidente que a palavra é utilizada no sentido de escolha antecipada. Embora não seja a mesma palavra que “predestinação”, esse conhecimento antecipado está em consonâcia com ela.
Segue-se que o pre-conhecimento de Deus não é passivo, muito menos espectador das atividades humanas, mas, é ativo e eletivo, como foi bem demonstrado acima.
1 Pedro.1.20
Neste texto acontece fenômeno semelhante com o que acontece em Rm.11.2, como lê-se: “sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós”.
Neste caso é impossível que diga-se que esse conhecimento de Deus refere-se à sua estimada previsão que Cristo iria entregar sua vida em resgate de muitos. Principalemente pelo fato de que no grego pode-se observar uma certa ênfase no que tange a esse conhecimento, como lê-se: “ proegnwsmenou pro katabolhj kosmou”. Se traduzido com mais literalidade, notar-se-á a seguinte tradução: “conhecido antecipadamente, com efeito, antes da fundação do mundo”. Assim, a definição desse conhecimento é anterior à fundação do mundo, como fica bem enfatizado pelos termos bíblicos utilizados por Pedro.
Logo, é impossível dizer que este texto afirma apenas um saber desconexo com seu determinar. Porém, se isso é de fato verdade, como alguns creêm piamente, a morte propiciatória de Cristo passa a ser um evento estranho ao propósito de Deus, e ser considerado um anexo posterior ou um apêndice, que veio a colaborar com suas espectativas. Sem contar que a remissão dos pecados não faria parte dos Seus Planos.
Mas como é muito bem observado pela literatura bíblica, Cristo não é um evento histórico, mas o centro dos Propósitos de Deus para a humanidade. Deus não sabia que Cristo morreira, mas assim predeterminou, pois “a crucificação foi o centro de seu plano eterno para a redenção[6]” (veja ponto 2.2, At.2.23). Assim, não se pode chegar a outra conclusão, senão que o ato de pre-conhecer de Deus está em conformidade com o ato de predestinar, é ativo e que por vezes carrega um aspecto de eleição e determinação antecipada, como pôde-se observar nos textos analisados. Segue-se que afirmar que Deus predestinou aqueles que sabia que o aceitaria não passa de uma declaração não bíblica, senão, como afirmado por Spurgeon, uma heresia:
Qual é a heresia de Roma, senão acrescentar algo aos perfeitos méritos de Jesus Cristo, ou seja, trazer obras da carne, para ajudarem na justificação? E qual é a heresia do arminianismo, senão acrescentar alguma coisa à obra do Redentor? Toda heresia, analisada com profundidade, se descobrirá aqui[7].
1] SPURGEON, Charles H., Implicações do Livre Arbítrio.
[2] BROWN, Collin, COENEN, Lothar, Dicionáio Internacional de Teologia do Novo Testamento. Vida Nova:São Paulo, 2000. pp1792.
[3] PACKER, J.I, Concise Theology: a guide to historic Christian beliefs. Tyndale House Publishers, Wheaton, Illinois. 1997
[4] ROBERTSON, Archibald Thomas, Word Pictures in the New Testament. Parsons Technology, Hiawatha, Iowa.
[5] FALCÃO, Samuel. Escolhidos em Cristo. Cultura Cristâ:São Paulo, 1997. pp.127
[6] MCARTHUR, Jonh F., Com Vergonha do Evangelho. Fiel:São Paulo.1997. pp. 192
[7] SPURGEON, Charles H., Spurgeon’s Autobiography. Londre: Passmore and Alabaster, 1897. pp.168, 169
[8] GRANCONATO, Marcos Mendes. Teologia Sistemática 3, material não publicado.
[9] MACARTHUR, John F. Com Vergonha do Evangelho. Fiel:São Paulo, 1997. pp.179.
[10] FALCÃO, Samuel, Escolhidos em Cristo. Cultura Cristã:São Paulo, 1997. pp.121.
[12] COENEN, Lothar, BROWN, Collin, Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. Vida Nova:São Paulo, 2000. pp.1764
[14] JAMIESON, FAUSSET and BROWN, New Commentary on the Whole Bible. Parsons Tecnology:Iowa. 1998. Tradução Pessoal.
[15] ROBERTSON, Archibald Thomas, Word Pictures in the New Testament. Parsons Technology, Hiawatha, Iowa.
[16] WALVOORD, Jonh F., ZUCK, Roy B., The Bible Knowledge Commentary. Press:Canadá